sábado, 7 de junho de 2008

Exposição: AFRO-BRASILEIROS, exaltando a majestade

Sobre o tema
A artista procura na simplicidade, e na inocência da beleza, produzir um material de cunho estético, no caso, a estética afro-brasileira. Mas, afinal, que seria afro-brasileiro, quando mal podemos definir o Brasil, país de misturas? Longe da pretensão de entrar em discussões artísticas e das discussões políticas em torno do tema “afro-brasileiros”, a artista pretende tão-somente exaltar a beleza majestosa dos negros. Muitos negros que aqui chegaram como escravos foram reis e rainhas na África. Isto tocou o sentimento da artista e gerou a experiência de olhar o negro, geralmente discriminado no país, como alguém de sangue nobre, alguém com um passado de ancestrais nobres que caso não tivessem sido desarraigados de sua terra, poderiam estar vivendo em condições diferentes . Daí o subtítulo: exaltando a majestade. A exposição não tem cunho político ou religioso, e caso fosse este o desejo da artista, seria mais fácil simplesmente filiar-se a organizações que tratam do tema. Seu espectador-padrão é qualquer um que possa olhar e se entusiasmar e seu alvo é o coração, que pode ser flechado a qualquer momento por um guerreiro do Quênia. A exposição foi pensada para artistas plásticos e críticos, mas também para muita gente que jamais estudou arte e sequer conhece as teorias contemporâneas, contudo mantém algum interesse pelo assunto – assim como por música, por cinema, por literatura, em busca de algo que ajude a tornar a vida mais intensa. A artista, porém, trabalha no campo da emoção, e sua arte tem algo expressionista, compulsivo e apaixonado. A exposição é uma afirmação da liberdade, do desejo de simplicidade, do desejo de ser feliz, do desejo de ter prazer com a pintura. Um quadro não pode ser simplesmente belo? Não pode simplesmente gerar prazer e alegria a quem o observa? O que não deixa de transmitir uma posição política e filosófica, mas não necessariamente explícita, muito menos instrumentalizável. O grande desafio para esta exposição foi tocar nas questões polêmicas sem a intenção de discursar, para a extrair a beleza das mesmas. Ainda é possível ao artista percorrer um universo extenso o bastante para falar de política sem cair em banalidades e militâncias. Afinal, se é para desmaterializar a arte, quem seria melhor, no Brasil, do que nossos bandidos? E pelo mesmo motivo, eles não aparecem na exposição. Tampouco se faz referência à miséria, à fome, À falta de esperança. Não por um desejo de alienação da realidade, mas como uma resposta à tudo isso: Nós queremos beleza! Beleza para o Brasil! A primeira parte:
Das muitas influências que pairam sobre a artista, está o traço violento e emocional bem como as cores cruas do expressionismo, e de um de seus precursores, Van Gogh. A figura humana é o elemento principal nas três partes da coleção. Na primeira parte, o objetivo é introdutório, de caráter documentário, resgatando o passado, necessário para que o observador conheça o tema da exposição, e veja a cultura afro-brasileira e o que está sendo feito atualmente, como o tambor de crioula,por exemplo, uma dança popular no Maranhão, cuja origem vem dos tempos da senzala, à semelhança da capoeira, que é retratada, também, entre outras manifestações contemporâneas. Nesta etapa, temos uma relação profunda com o expressionismo, e, embora seu objetivo seja retratar, importa mais o que a artista sente, e não o que vê acerca destas coisas antes mostradas. A alma das coisas, o que não se vê, mas sente-se, vai estar consoante com a paleta de cores. Assim, o que é representado na tela é o resultado da emoção do pintor como observador, o objecto observado altera-se consoante os seus sentimentos. Em primeiro plano importa o como e não exatamente a coisa representada.
A segunda parte:
Na segunda etapa da exposição, temos outro acontecimento: a artista pinta a partir de associações livres e suas telas passam a ser colagens, fragmentos de pensamentos soltos em sua mente gerando uma sobrecarga de informações às vezes sombrias e nebulosas tal como um sonho. As cores de um sonho são fortes, porém nebulosas, o significado, quem saberá? A loucura encarcerada a qual se refere andré Breton em seu manifesto surrealista é alforriada. Nesta etapa é onde realmente vemos o trabalho da artista. A primeira parte foi um aperitivo, foi didática. Como arte-educadora, ela tem esta preocupação em ensinar. Como teóloga, tem a preocupação em respeitar as diferenças, e como artista, sua preocupação é expressar seus sentimentos e deixar acontecer a pintura, de modo que a pintura acontece de verdade na mente do observador quando este lê as informações que a artista põe na tela. O quadro real acontece quando alguém o observa. Percebe-se a influência surrealista em função do ambiente misterioso de sonhos como em Salvador Dali, e a contemporaneidade de Marcus Jansem, ícone do neo-expressionismo urbano, bem como o efeito psicótico de Dave Mackean, enquanto isso, Van Gogh passa a olhar um pouco de longe a paisagem ao lado de norueguês Edvard Munch, com sua visão de horror. Nesta fase, entra o graffiti, com o spray e o stêncil, bem como a influência dos quadrinhos e do desenho de moda, que também fazem parte do trabalho da artista.
Olodum - Acrílica sobre tela
Tamanho : 60 x 40
Tribo no Zaire - Acrílica sobre tela
Tamanho: 60 x 40
Cristo Negro - acrílica sobre tela
Tamanho 60 x 40
Arqueiro Masái - Acrílica sobre tela
tamanho : 60 x 40
Capoeira - Acrílica sobre tela
Tamanho 60 x 40
Chefe Pokot - Acrílica sobre tela
Tamanho: 60 x 40
Fulanis - Acrílica sobre tela
Tamanho: 60 x 40
Solaris - Acrílica sobre tela
Tamanho :60 x 40
Mulata Dourada - Acrílica sobre tela
tamanho 60 x 40
Anastácia - Acrílica sobre tela tamanho: 60 x40
Banzo Nunca Mais
Acrílica sobre tela tamanho 1,22x80
Tambor de Crioula
Técnica Mista - tamanho 1,00x60
Exposição Afro-brasileiros:Exaltando a majestade O grande desafio para esta exposição foi tocar nas questões polêmicas e históricas sem a intenção de discursar, mas para a extrair a beleza das mesmas. Associando imagens com textos diversos da literatura africana, a artista mergulha no passado, para trazer à memória aquilo que gera esperança. Não para fazer uma simples denúncia vazia, mas porque a história dos negros não começa na escravidão: começa na África. A consciência do povo africano foi escravizada por idéias em valores antipopulares, introjetados pelos colonizadores, que para ocultar a violência de sua conquista, impiedosamente desmoralizavam os colonizados considerando-os incultos e bárbaros. Os colonizados traziam dentro de is os preconceitos e acreditavam que nada valiam, e que sua língua, tradição, divindades e história era bárbara. Manuel Ferreira, poeta português radicado em Luanda, ao afirmar que o colonialismo é um sistema carregado de contradições, se referia a criação dependente de sua individualidade porque a aristocracia era forte e determinista e apagava a individualidade do povo, mas aponta que em algum momento surgiria a construção independente para se assumir sua identidade cultural e daí começaria a construção de sentimento regional ou nacional (sua identidade). Com a fundação da revista Claridade em 1936, um marco da modernidade, há a tomada de consciência regional muito nítida que se instala nos escritores de Cabo Verde, que decidem romper com os arquétipos europeus e orientais para as motivações de raiz africana. Este foi o embrião do movimento Pan-africano. A artista procura na simplicidade e na inocência da beleza, produzir um material de estética afro-brasileira. Mas, afinal, que seria afro-brasileiro, quando mal podemos definir o Brasil, país de misturas? Longe da pretensão de entrar em discussões artísticas e das discussões políticas em torno do tema “afro-brasileiros”, a artista pretende tão-somente exaltar a beleza majestosa dos negros. A lembrança de que muitos negros que aqui chegaram como escravos foram reis e rainhas na África tocou seu sentimento e gerou a experiência de olhar o negro, geralmente discriminado no país, como alguém de sangue nobre, alguém com um passado de ancestrais nobres que caso não tivessem sido desarraigados de sua terra, poderiam estar vivendo em condições diferentes. “Afro-Brasileiros:exaltando a majestade” não tem cunho político ou religioso, e caso fosse este o desejo da artista, seria mais fácil simplesmente filiar-se a organizações que tratam do tema. Seu espectador-padrão é qualquer um que possa olhar e se entusiasmar e seu alvo é o coração, que pode ser flechado a qualquer momento por um guerreiro do Máli. A exposição é uma afirmação da liberdade, do desejo de simplicidade, do desejo de ser feliz, do desejo de ter prazer com a pintura. Um quadro não pode ser simplesmente belo? Não pode simplesmente gerar prazer e alegria a quem o observa? O que não deixa de transmitir uma posição política e filosófica, mas não necessariamente explícita, muito menos instrumentalizável. Artistas plásticos, críticos, mas também quem jamais estudou arte e sequer conhece as teorias contemporâneas tem algo a experimentar com a artista, que trabalha no campo da emoção, e assim sua arte tem algo expressionista, compulsivo e apaixonado como que em busca de algo que ajude a tornar a vida mais intensa.
OFICINA AFRO-BRASILEIROS REALIZADA NA ANDEF
Oi, pessoal. Pra quem não sabe, a ANDEF é parceira neste projeto. Aqui temos fotos da oficina de arte realizqda junto com a exposição Afro-brasileiros , realizada no dia 16 de abril de 2008, na sede da ANDEF.
Este quadro foi feito pelas crianças. A proposta da atividade era ensinar a grafitar sem o spray, usando apenas tinta. O objetivo era deixar as crianças livres para brincar com a tinta. A idéia foi delas. E não é que ficou bom?Elas escolheram tons quentes e fizeram uma composição legal. A mulher de touca vermelha e brinco dourado é a representação do quadro "Fulanis", que estava na exposição.
Aqui as crianças fizeram atividades com pintura. No primeiro mural(da esquerda pra direita), os meninos se reuniram em tribos e foram caçar um leão amarelíssimo na selva africana. Eles gostaram tanto que não quiseram passar para as atividades seguintes. Se embrenharam na savana africana, caçaram o leão e ainda disputaram a liderança das tribos.
No segundo e no terceiro quadro, o mesmo tema. Porém os meninos deste grupo continuaram as outras atividades.
Os três últimos quadros são de meninas que deixaram sua marca no papel, ma sainda criaram uma dança para dançar com a máscara que elas fizeram com caixas de leite. A atividade era criar uma máscara, com música e dança que espantasse alguma coisa indesejável: elas criaram máscaras com a música, grito de guerra e dança para espantar seu inimigo mais terível: o mosquito da dengue (foi idéia delas!!).
As telas que estavam na exposição:
A exposição esteve na Galeria Angelina Arts Association,no Shopping Casino Atlântico em Copacabana no período de 27 de maio a 11 de junho de 2008
A exposição contou com a presença dos alunos STEBAN - Seminário Teológico Evangélico Batista nacional do Rio de Janeiro, e com a palestra do historiador Anderson Fabrício, coordenador do seminário.